A
nossa democracia é vivida de uma forma envesgada. Olha-se defeituosamente para
as coisas da sua pluralidade, e agora até num ritmo de heterogeneidade
gagueja-se o ser livre sendo-se dele expatriado. Existem uns: - martelos que se
afiguram umas foices sem dentes que mais parecem um disco riscado e estão
verdes de o saber; um bloco de coisas muito à frente que regressa à esquerda
capital, sorrateiramente pelas portas dos fundos; há os que de punhos cerrados
num ápice como por milagres das rosas, passam de trás para a frente e de
geringonça polvilham de pétalas a república com os seus prosélitos; em que as
pessoas não deixam de serem animais e a sua natureza empecilha na imbecilidade
de nos impingirem alcaparraras para colocar num bom cozido à portuguesa, fonte
da nossa virilidade; que por mais que lhes apontem os sete céus não possuem
registos de preitos às suas memórias. Os
egos e as vaidades pessoais abrem e fecham portas como quem fica órfão por causa
de um avião que cai; em que a iniciativa nos faz lembrar os heterónimos de um
grande poeta liberal da nossa cultura, não sabemos com qual deles estamos a
falar; que fazem do centro um stock incógnito e como partido disso o popular
lenço branco acena-lhe um adeus inglório e os que num chega-chega, argúem
assertivamente, mas cujos alicerces possuem muitos complexos de cidadania.
E,
é esta malta que se quer juntar a comemorar o 25 de Abril – uns convictamente
outros “contrariados”, mas na onda - com a necessidade de dilatar as gotículas
da revolução de peito aberto e feito contra a pandemia. Cento e tal convivas,
alguns com cravos na lapela e outros de toalhetes de gel no bolso para enxotar
a peçonha.
Nem
o boémio Bocage, seria tão jocoso e brejeiro se nos pedisse confinamentos,
proibisse casamentos, batizados e outras brincadeiras com tantas ignições para
dar boleia aos vírus. E depois se metesse numa farra vanguardista destas.
Se
esta classe politica tivesse um pingo de decoro e vergonha e tivesse a noção da
solidariedade e do seu respeito, comemorava Abril como nós comemoramos as datas
de quem mais amamos. Através das novas tecnologias. Cada um no seu espaço de
intervenção política e os partidos das suas sedes.
Não
me conformo com esta iniciativa quando assistimos a dores imensas e a desertos
infindos de sentimentos e afectos que se esvaíram num luto que nunca saberemos
fazer e
compreender. Quando um cadáver numa solidão atroz, despido de lágrimas,
suspiros e lamentos desce à terra. E quem ama essa alma não lhe conseguiu dar um
beijo de despedida.