Neste tempo de incógnitas –
inimigo invisível - numa certeza absoluta – entes / família / sociedade – vou
tentar escrever textos (sempre que a alma me cative a razão e esta a vontade) do
que fui /sou, o que eramos, o que somos e vamos ser.
Trecho 1 / Março de 18 de
2020.
Uma poção de humanidade.
Ao longo destes últimos anos,
temos sido “vacinados” por um pacote de medidas que tem como factor primordial
a economia. As pessoas foram subjugadas a causas provenientes do esforço do seu
trabalho em detrimento do património que lhe aplicam. Passaram para segundo
plano.
Os partidos políticos
continuam “escravos” da mesma teoria do século passado. O mundo como realidade
constante superou-se e tem a cada dia que passa uma nova vertente de
conhecimento e aptidão. Galopa depressa demais para os cavaleiros que tem
disponíveis na cavalariça. E esses e estes, começam a ser de um prazo de
validade de curto tempo. Entretanto como se começa a correr apressadamente o
coito que protege a puro sangue é descuidado e começam a haver cruzamentos que
outorga jericos e mulas a preencherem os estábulos.
Na minha juventude na linda
aldeia de Sabouga fui o escrivão dos velhinhos dessa altura. Escrevi carta pelos
dados que eram lançados das cordas vocais do Ti Ferreira e da Ti Ermelinda; da
Ti Clementina e do Zé Augusto; do Ti Zé das Barreirinhas e da Ti Maria… para os
seus familiares que se espalharam por França, Luxemburgo e Suíça. Eram os analfabetos que conhecia, mas com uma
sabedoria de trindade – local, nacional e universal - impares e únicas. Eram de uma mordacidade
empírica. De uma subtileza platónica. De um pensamento cartesiano brilhante. De uma escola peripatética de casa para o
quintal que Aristóteles era um principiante ao pé dos meus heróis amados.
Recebi a sua mensagem colava no papel. E depois da carta fechada assunto
encerrado. Havia tempo para absorver os tempos e a realidade que cada um viveu
e vivia. Hoje ao lado dos meus filhos sinto-me um apedeuto e a ver os meus
netos um boçal. O tempo, como dizia, galopa muito depressa e o jóquei está
sempre a cair do cavalo. E a cada queda, quem o substituiu faz do outro um
faneco que fica fora do baralho.
… … …
(a "coisa" vai
seguir).