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quarta-feira, 18 de março de 2020


Neste tempo de incógnitas – inimigo invisível - numa certeza absoluta – entes / família / sociedade – vou tentar escrever textos (sempre que a alma me cative a razão e esta a vontade) do que fui /sou, o que eramos, o que somos e vamos ser.

Trecho 1 / Março de 18 de 2020.

Uma poção de humanidade.

Ao longo destes últimos anos, temos sido “vacinados” por um pacote de medidas que tem como factor primordial a economia. As pessoas foram subjugadas a causas provenientes do esforço do seu trabalho em detrimento do património que lhe aplicam. Passaram para segundo plano.
Os partidos políticos continuam “escravos” da mesma teoria do século passado. O mundo como realidade constante superou-se e tem a cada dia que passa uma nova vertente de conhecimento e aptidão. Galopa depressa demais para os cavaleiros que tem disponíveis na cavalariça. E esses e estes, começam a ser de um prazo de validade de curto tempo. Entretanto como se começa a correr apressadamente o coito que protege a puro sangue é descuidado e começam a haver cruzamentos que outorga jericos e mulas a preencherem os estábulos.   
Na minha juventude na linda aldeia de Sabouga fui o escrivão dos velhinhos dessa altura. Escrevi carta pelos dados que eram lançados das cordas vocais do Ti Ferreira e da Ti Ermelinda; da Ti Clementina e do Zé Augusto; do Ti Zé das Barreirinhas e da Ti Maria… para os seus familiares que se espalharam por França, Luxemburgo e Suíça.  Eram os analfabetos que conhecia, mas com uma sabedoria de trindade – local, nacional e universal -  impares e únicas. Eram de uma mordacidade empírica. De uma subtileza platónica. De um pensamento cartesiano brilhante.  De uma escola peripatética de casa para o quintal que Aristóteles era um principiante ao pé dos meus heróis amados. Recebi a sua mensagem colava no papel. E depois da carta fechada assunto encerrado. Havia tempo para absorver os tempos e a realidade que cada um viveu e vivia. Hoje ao lado dos meus filhos sinto-me um apedeuto e a ver os meus netos um boçal. O tempo, como dizia, galopa muito depressa e o jóquei está sempre a cair do cavalo. E a cada queda, quem o substituiu faz do outro um faneco que fica fora do baralho. 
… … …


(a "coisa" vai seguir).