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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

POEMA - Pedra apática.

Hoje debulhei uma pedra apática da calçada


Arrancada pelo meu andar pesaroso e triste.


Derrubado e dolente, procurei o seu lugar no chão


Vi um buraco entre outras tantas colocadas com a mão.


Baixei-me, revirei a laje, e como denúncia de dedo em riste


Apontei o seu sítio. O seu lado… mesmo na berma da estrada.


Coloquei-a no seu lugar e carinhosamente com o pé a calquei


Como quem acaricia uma flor, pondero que senti que a beijei!



A dor da minha sina é uma dor intensa e pundonorosa


Como que contempla uma rosa, e a conjecture pungente.


É como um retiro. Um gueto. Aonde estou eu e um deserto


E ver um multidão de animais… e conhecimento que sou gente.


Um breve desabafo. Um devagar desalento. Uma página morosa.


Que de vogais e de consoantes, construa uma frase que translade


Que eu estou paliativo comigo e que na rua tenho de fado a verdade.


ALBERTO DE CANAVEZES