Da concelhia que foi usada
para sustentar o poder ao longo de quase quatro décadas, por cá, não saiu o
fumo branco que o jornal oficial do partido consignava no seu edital. O poder
não foi outorgado a ninguém. Deu somente os congressistas para a reunião magna
que confirmará a liderança do partido a nível nacional.
Tem muitas leituras possíveis,
mas para mim tem uma que é a mais plausível.
Baseada em nunca ter sido um
espaço de divergência ou convergência politica sustentada na pluralidade,
sempre foi aparelhada para ser manipulada para ter um só intento, ter uma só
vontade e possuir um só verbo. Foi (e ainda é) a única concelhia a nível
nacional que foi, “vira o disco e toca o mesmo”. O mesmo, mais os mesmos, e/ou os
mesmos mais o mesmo! Versão que se ia actualizando - por afastamentos cirúrgicos
(mediante a ousadia e questionamentos de uns poucos) - com a obediência cega de
uns quantos com fome de protagonismo e temperada ainda, com a contrabalança
ingénua de outros.
E, depois, para rematar o
cerne da questão, não existem militantes disponíveis para serem trucidados pelo
aparelhismo politico que graça aos interesses instalados…
Agora, porque sim e porque não,
fica em banho-maria a sua nomenclatura. Até que a poeira assente… e no seu
momento – o mais próximo de condizer o mandato da concelhia com as decisões
autárquicas - (o “locatário”), (se a “Mudança Tranquila” não o brindar com as
suas responsabilidades e o desarmar), aparecerá como o deus/salvador e
impingirá os seus atletas, constituindo consequentemente, a sua equipa. O varão
fará a anexação de outros intérpretes e provavelmente manterá alguns de, os
mesmos (poucos), mas enroupados por outros fardamentos.
Assim, eis-me resumidamente,
chegados à minha leitura.
Agora sem o conforto fagueiro
do poder e de uns quantos (os mesmos) se sentirem “usados” pelo (o mesmo) não
houve quem se disponibiliza-se para uma investidura que requer abalizar uma
tomada de posse. Não fosse a assinatura ter outros propósitos. Diz o ditado,
“que gato escaldado de água fria tem medo”.
Os efeitos analgésicos do
poder que cegava estão-se a dissipar e cada vez mais se sente a ausência de uma
“liderança” musculada.
Um partido que já teve a nível
nacional várias lideranças, várias tendências de intervenção social, baseado no
humanismo e reformismo, vê-se estatelado de cócaras neste concelho porque quem
manipulou o seu espaço de intervenção saciou a sua massa analítica e crítica ao
mesmo tempo que foi secando – delirantemente - as presumíveis fontes de
sucessão. Aonde pressupunha sombras, derrubava. Segregou tudo e todos da sua
área politica e rodeou-se da quinta divisão da terra de ninguém, provindos de
outras latitudes e charnecas politicas.
Hoje o cenário é-lhe
desolador. O partido se continuar a ser uma coutada privada, por cá, nem daqui
a quarenta anos será poder. Não tem raízes cívicas. Não tem esqueleto orgânico
nem administrativo. Não tem identidades criadas. Não tem identidades naturais.
Não tem reservas intelectuais. Não tem nada de nada como estrutura
representativa a não ser sócios quotizados e instrumentalizados. Consigna-se a
ser uma das maiores vergonhas locais do partido a nível nacional, com o
beneplácito de uma distrital “indiferente” e uma nacional aonde pairam muitos
confrades. E para além do demais, estes votos todos conectados dão muito jeito ora
a uns ora a outros confrades, mediante a facção a que o estratega confrade,
encoste a cabecinha! Pois há confrades e
confrades!?
E de confrade para confrade…
foi no dia da entrega dos prémios da XI Semana da Chanfana que a indigestão
toldou, mais uma vez, a mente do progenitor de toda esta trapalhice política.
Após a entrega dos prémios e sorrisos de circunstância para a fotografia -
aonde os olhares foram cúmplices e ornamentados de carinhos e ternuras,
lembrando uma família concomitante e provinda - empreendeu nos bastidores mais
uma jogada no seu jogo preferido, tendo como receptor o seu atleta predilecto.
Não lhe escorregando a mão do varão, destravou-se-lhe a língua e mimoseou o dito
com os mais laudatórios, adjectivos, depreciativos. Responsabilizando-o de toda
a conjuntura política que se vive nas hostes - da murcha – “A. R.”
Foi um espectáculo deprimente, já que os poucos presentes que assistiram
viram-se por simpatia a executar o encaixe. Não fosse o varão que define o
grupo dos pontas de lança, escorregar da mão (do criador) – os suores começam a
ser muitos – ainda hoje o dito estava a enfardar.
Não é por mais nada, mas por causa do
constante espalhafato público, porque a malta precisa de descanso e
sossego, para quando um bocadito de vergonha, de ambos?