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segunda-feira, 4 de maio de 2020

Futebol e o vírus e as pandemias de cada um.


FUTEBOL I

A chaminé por onde desce o Pai Natal ... 

O pai natal faz a alegria dos nossos putos. Mesmo anafado desce a chaminé e dá – com a nossa ajuda – presentes aos nossos meninos. E eles, nessa ilusão festejam a efeméride com um sorriso cândido de felicidade e regozijo. Assim acontece no nosso futebol.
Existem os meninos que recebem sempre prendas ao seu gosto e aqueles que se divertem com o seu possível e os sobejos, deles.
Por cá sofremos de uma doença crónica, que por ser como tal, só admite a efemeridade do êxito a três galifões. E de vez em quando, por improviso no guião, a um ou outro “ignorante” que sorrateiramente assoma a gloria com outro ritual de dribles e xises.
É de uma segregação atroz e de uma propositura maquiavélica instituir as facilidades do sucesso nos moldes de que os mesmos desfrutem disso bicando e depenando os outros a seu belo prazer. Não há benfiquista maior do que eu, não o admito, mas o meu pleito de o ser, alicerça-se na competitividade acérrima e na sua proporcionalidade.
A nossa cultura futebolística é uma descomunal amalgama de piolhices e chatos. Aonde uns coçam mais cima, outros coçam mais abaixo. A analogia é o aplicar os dedos a friccionar e a sua disparidade é a zona extemporânea a necessitar de intervenção. 
Julgo que o campeonato deste ano já perdeu o entusiasmo. E o futebol não pode ser uma ilha no desporto. Se todos os campeonatos das outras modalidades foram encerrados o futebol também o deveria fazer. Não faz sentido um estatuto de exclusividade para uma modalidade que se sustenta num faz de conta latente e muito obnóxio. As artimanhas que uns usam para nele predominarem, outros o fazem para nele sobreviver. Todos o sabem, mas todos o consentem, porque não querem, nele perder espaço e protagonismo. É tipo – o famigerado sistema – que nos estimulam e impigem para não se poderem mudar as coisas. Aproveitemos, pois, este miserável vírus… para desintoxicar e desinfectar o futebol.  
Esta época não haveria de haver campeão. Mas seguir a representatividade nas competições europeias conforme se apresenta a tabela classificativa actual. E vamos então à europa se, entretanto, a coisa se apaziguar...
Já agora por falar na europa, considero que as competições europeias são um embuste. Sempre fui, e serei sempre contra, a actual Liga dos Campeões. Ela representa um clube restrito de privilegiados, de comensais, de abastados e latifundiários. É um sorvedouro para os já mais poderosos o serem ainda mais e dominarem a seu belo prazer. Privilegia o melhor de todos o que é obvio, e também o primeiro dos últimos. Noutros sítios o que merecia a medalha de bronze… de latão… de esferovite… e quiçá até a medalha de cortiça.  E todos também “sabemos que se não é do cu, é das calças” que sobressai o maganão na passerelle para pegar na orelhuda. Antes do desfile, já estamos carecas de saber quem são os prováveis afortunados a serem os heróis da fita. Só restando saber se os felicitamos em inglês, espanhol, alemão ou em italiano. 
Defendo uma Liga de Campeões com os legítimos campeões de cada país. Uma Taça das Taças para os vencedores das taças de cada país.  Aqui incluía a Taça da Liga e de Portugal. E um torneio para o primeiro dos últimos e damas de honor… Com o perfil do Campeonato Europeu, através de um sorteio puro e cru. Sem potes de meninos mimados e meninos da rua. 
O futebol actual tornou-se mesmo a carinha balofa do pai natal e de quem vive a ilusão de receber prendinhas fixes. 

 FUTEBOL II

A chaminé por onde desce o Pai Natal ... e o gozo de escorregar. 

Em absoluto não estou a favor do recomeço da I Liga. E muito menos quando a II Liga e o Campeonato Nacional de Futebol Feminino, foram suspensos. E muito menos concordo com a argumentação “que envolve muitos interesses económicos” e que gere milhões e os bla, blá, blá do costume.

Existe o conceito que o mesmo vai-se desenrolar num espaço territorial do país.
O circo pode ir em caravana e assentar arraiais. Podem arranjarem aquartelamentos de última estirpe e campos de treino submersos em gel desinfectante. Podem definir meia dúzia de Estádios para realizarem os 90 jogos que faltam, sem grandes problemas. Aveiro, Coimbra e Leiria possuem-nos às moscas. E o do Algarve, simplesmente é a sua colonia balnear. Todos os participantes estarão e ficam em igualdades de circunstâncias?

O Campeonato sem prosseguir no espaço territorial de cada Clube perde a graça e o seu enlevo. E muito mais isso se acentua, quando as bancadas estão desertas da impulsão e estrépito das emoções. O que lhe dá fascinação e inquietação é o bruaá dos adeptos.  
O silêncio é algo para o futebol como uma bola vazia, um campo sem marcações, balizas sem rede, um arbitro sem apito ou bandeira e o balneário a feder a álcool mais que o suor.

Se dúvidas houvessem, este acervo de precipitações e pasmos discriminatórios demonstra-nos categoricamente que o futebol representa um mundo à parte da sociedade e que dela absorve os mesmos defeitos corrosivos que a dilaceram.
A I Liga tem Clubes a mais. Alguns deles desordenam as regras e patenteiam declarações verbais e escritas que não passam de floreados. Nelas alegam que está tudo em dia…, mas qual o dia que isso espelha?

Os atletas estão rodeados de uma permanência médica constante e vivem rodeados de outros afagos que lhes proporcionam altos rendimentos. Mas isso não invalida que de quando em vez, existam falências de segurança que originam despistes, acidentes, e expressões de um travo bem amargo. 
Qual o repelente que descobriram para no contacto físico enxotar o bicho? 
Ou já descobriram que o vírus não ataca humanos masculinos que joguem no campeonato principal?
Ou vão jogar em espelho… ou tipo matraquilhos?
A parafernália que vai ser necessária para criar uma estratégia de esterilização dos logradouros da competição é constituída como, quando e por quem?  A sua presença e artilharia não coage e inibe o atleta?
Além do equipamento essencial podem prescindir das chuteiras e jogarem de pantufas, para não permitirem tanta intensidade?
A grande vantagem é que ninguém no relvado que estiver no banco – não estou a ver os jogadores a arrojarem-se de máscara – necessita de meter a mão a tapar a boca, para o adversário não lhe ler os lábios.
E se o vírus colocar alguns em fora de jogo, o VAR vai actuar? Como se vai corrigir para que não aconteça reincidências?
Ou vão continuar a explorar a ignorância da dita “intensidade” que se usa para circunscrever as versões que interpretam a condescendência e a malevolência das faltas?
Haja juizinho e uma pitada de coragem.

sábado, 18 de abril de 2020

Viver a poesia da vida!


Hoje acordei como um “ladrão” que rouba um pão da prateleira antes do padeiro o meter no balde dos excedentes. Não porque seja um insensível, mas porque não o consegue fazer chegar a quem necessita e porque ninguém o comprou ou se disponibilizou a leva-lo a quem ele matava a fome. Esta é a sociedade em que vivemos este é o mundo que permitimos.
Os políticos actuais, fazem politica no sentido de quem faz compras num supermercado. Na fila despertam-nos alternativas para consumo, mas nunca para proteger a nossa fidúcia. A sua dialéctica já não se interlaça com dogmas filosóficos de existência e sociedades perfeitas, mas são uma adaptação aos mundos dos algoritmos que se sobrepõem á realidade dos factos e coisas. Temos tendência para sermos isto ou aquilo e somos invadidos por esses “árbitros” que nos subverbetem - através de um imperativo bem negativo, - as regras do jogo e impingem as factualidades necessárias para eles próprios sobreviverem como tribo. E assim, se uns nos dizem, vai pela direita, outros dizem-nos vai pela esquerda. E nunca o imortal poeta, teve tanta razão como José Régio. Temos que possuir o discernimento nestas circunstâncias deveras inusitadas e únicas de partilhar o:
… … …
“Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí.”
E neste Cântico Negro é que nós temos que sobreviver e nos fazer ouvir.  
Creio que nunca na minha vida, meditei tanto como agora. E mais eu, confinado ao silêncio dos meus “procederes”.  Paramos tudo para podermos resistir. E em cada recanto de nós e dos nossos, pretendemos sobreviver.
Ouvimos uns a dizer que as revoluções são o cenário ideal para se poder virar uma página e a outros que o virar da página pode-se fazer-se tradicionalmente. Os da revolução derribam tudo e mais alguns e impõem-se. Os conservadores dizem que basta cuspir no dedo e a humidade agarra a folha e vira-a, e quem não sofrer de lassidão apanha essa boleia. A grosso modo esta imagem traduz a nossa classe politica.
Mas isto no enredo que hoje vivemos não pode ser. Não podemos excluir ninguém. Não podemos empurrar uns para o abismo e conter outros para o mundo gravitar.
Ouvimos, sumidades a dizer que tem que haver despedimentos para que a economia possa reagir e criar riqueza. Isso era no ontem, antes de haver o hoje e sabermos como podemos estar amanhã. Temos que ser criativos. Imaginativos. Ousados. Não deixarmos que as novas tecnologias se adiantem numa alvorada elitista e os velhos chavões subsistam na sua sombra.  
Se está mal, tem que estar para todos. Se não há possibilidades de todos trabalharem no mesmo fuso horário. Dividimos a metade. Uns trabalham no fuso da manhã outros no da tarde.Quiçá, uns fazerem o turno diurno e outros o nocturno. 24 horas de trabalho por dia para num ano, fazermos dois de mão de obra Se tivermos que considerar outras contribuições e impostos que tenham um código de barras categórico: - o prazo de validade, de se ser humano e a sua dignidade.   

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Gozar com a nossa cara, gozando Abril.


A nossa democracia é vivida de uma forma envesgada. Olha-se defeituosamente para as coisas da sua pluralidade, e agora até num ritmo de heterogeneidade gagueja-se o ser livre sendo-se dele expatriado. Existem uns: - martelos que se afiguram umas foices sem dentes que mais parecem um disco riscado e estão verdes de o saber; um bloco de coisas muito à frente que regressa à esquerda capital, sorrateiramente pelas portas dos fundos; há os que de punhos cerrados num ápice como por milagres das rosas, passam de trás para a frente e de geringonça polvilham de pétalas a república com os seus prosélitos; em que as pessoas não deixam de serem animais e a sua natureza empecilha na imbecilidade de nos impingirem alcaparraras para colocar num bom cozido à portuguesa, fonte da nossa virilidade; que por mais que lhes apontem os sete céus não possuem registos de preitos  às suas memórias. Os egos e as vaidades pessoais abrem e fecham portas como quem fica órfão por causa de um avião que cai; em que a iniciativa nos faz lembrar os heterónimos de um grande poeta liberal da nossa cultura, não sabemos com qual deles estamos a falar; que fazem do centro um stock incógnito e como partido disso o popular lenço branco acena-lhe um adeus inglório e os que num chega-chega, argúem assertivamente, mas cujos alicerces possuem muitos complexos de cidadania.
E, é esta malta que se quer juntar a comemorar o 25 de Abril – uns convictamente outros “contrariados”, mas na onda - com a necessidade de dilatar as gotículas da revolução de peito aberto e feito contra a pandemia. Cento e tal convivas, alguns com cravos na lapela e outros de toalhetes de gel no bolso para enxotar a peçonha.
Nem o boémio Bocage, seria tão jocoso e brejeiro se nos pedisse confinamentos, proibisse casamentos, batizados e outras brincadeiras com tantas ignições para dar boleia aos vírus. E depois se metesse numa farra vanguardista destas. 
Se esta classe politica tivesse um pingo de decoro e vergonha e tivesse a noção da solidariedade e do seu respeito, comemorava Abril como nós comemoramos as datas de quem mais amamos. Através das novas tecnologias. Cada um no seu espaço de intervenção política e os partidos das suas sedes.
Não me conformo com esta iniciativa quando assistimos a dores imensas e a desertos infindos de sentimentos e afectos que se esvaíram num luto que nunca saberemos fazer e compreender. Quando um cadáver numa solidão atroz, despido de lágrimas, suspiros e lamentos desce à terra. E quem ama essa alma não lhe conseguiu dar um beijo de despedida.

Gozar Abril, gozando com a nossa cara.

“Estamos noutro patamar”, vociferam. (Jesus já o diz, não o Messias, mas o Jorge do futebol). Inteiros ou mesmo a metade os deputados da Assembleia da Republica não sofrem de "layoff", continuam com as mesmas mordomias e a cada “aí” nosso, respondem ou consentem esta solução: - “ajudas do Estado implicam mais impostos”.
Ok. A malta continua confinado a um distanciamento social de tal ilustre casta. Estamos habituados. Por isso o nosso aparente sucesso perante esta pandemia. Muito isolamento, muito adestramento, mesmo.
O 25 de Abril é uma data muito relevante da nossa história. Esse dia colocou-nos um cravo na lapela depois de conquistar o cano de uma G3, após esta, silenciosamente ter apeado uma ditadura do poleiro. Deu-nos uma Constituição aonde o Paraíso em livros sagrados não possui tanto enlevo. A Constituição tornou-se uma miragem, um intento metafísico, restando-nos o Paraíso como o único espaço que nos possa proporcionar a ilusão de podermos ser felizes, um dia. A nossa classe politica criou uma carapaça de infalíveis e intangíveis. Antigamente íamos da província com uma mala de cartão na mão, pé descalço e roto à procura de Lisboa e dos seus efeitos e enfeites sociais. Hoje quem parte para lá, é um zé ninguém da politica que se torna um ti-homezito eleito e sem que se saiba que ganhou um prémio de sorte, fica rico. Veste roupa gourmet. Azeita-se ao espelho com comichão nas partes púdicas, simula um discurso e sente-se o Aznavour de “la bohème” no excerto: - “Eu que morria de fome e você que pousava nua”. Simbolicamente, descreve a sua personagem inicial na República e a esfinge que a representa.  E porque se conquistou de abril – que não o nosso – quer mostrar que o seu abril é como o Natal mercantil. E sempre quando um homem quiser. O nascimento do menino, o presépio cheio de neve, muitas prendinhas e o pai natal anafado a descer pela chaminé, após estacionar a carroça e prender as renas a um pinheiro cheio de luzinhas a tilintar. As ovelhinhas a berregar e o carneiro todo lampeiro atrás de nós para nos comer por lorpas. Cochicham.

Creem que o Covid 19 é um anarquista que se situa entre o 24 de abril de 1974 e o dia de hoje. Sem mais nenhum dia, simplesmente estes dois. É um fascista disfarçado de populista.  

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Uns enfados.


Um Pingo de semântica Doce.  

Compre o que é português, porque a nossa força vem de dentro. E disso continuamos a pagar impostos lá fora.
Temos assistido a uma panóplia de hipocrisia cívica e económica que nos faz lembrar uma caixa de fruta. A fruta de calibre pomposo por cima e a de outra linhagem por baixo, com alguma putrefacção à mistura. Mas degustamos tudo pela imagem e paleio.

Uma luz de Em Débito Popular (poderia abreviar por EDP)

Em plena crise os CEO – (Candeeiros Iluminados Divos) pretendem pagar dividendos acima dos lucros. Esta trupe junta-se a outros grupos com fusíveis de tensão alta e por uns curtos circuitos de termoluminescência de soberba estão sempre na vanguarda da luminosidade.
Um deles cintila tanto que consegue alumiar mais o seu mealheiro num dia que muitos de nós num ano. O ampere mais saliente da sua luzência é uma carga de electrocução aos seus utentes, pelo preço.

Flaches desfocados

Temos vindo a assistir por vários canais de informação a um deslumbramento que considero um insulto à nossa cidadania. Autarcas a pavonearem-se desmedidamente a entregar bens essências para combater a COVID 19 pelas Instituições do seu concelho. Essa é a sua incumbência. Gerem dinheiro do erário publico, não andam a distribuir esmolas.
Devem ter uma postura enquadrada com a situação que se pretenda eficaz, sóbria e equilibrada.

Flaches de grandeza angular

Assistimos a comerciantes, empresários e gente anónima a terem gestos de humanidade e solidariedade a todos os níveis magnânimos. Ajudam Instituições de solidariedade social, pessoas idosas, famílias mais carenciadas, bombeiros, hospitais… de uma forma altruísta, descomprometida e sem grandes espalhafatos. Como cidadão o meu muito obrigado.  

quarta-feira, 15 de abril de 2020

O JOGAR À BOLA DE CALÇÕES. MAS UM VÃO DE CALÇAS OUTROS DE SAIAS. I

Arrigo Sacchi disse um dia: - "O futebol é a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes”. Obviamente que assim o é. E agora mais que nunca. No entanto não compreendo a atitude da Federação Portuguesa de Futebol ao anular a competição feminina na sua elite   quando tem ainda em aberto a competição masculina. ISTO É DESCRIMINAÇÃO.
Venho ao longo de muitos anos a dizer que o futebol feminino é igual, mas é diferente em tudo. E para sustentar a minha tese falo na especificidade dos indivíduos que o praticam. Biologicamente pela sua anatomia, fisiologia e genética. Diferenças cromossômicas e hormonais. Maturidade sexual. Processamento de informações. Desempenho em actividades físicas. Quantidade de gordura… E a diferença da voz também se pode ter em consideração para o efeito de não ter a mesma gravidade de se fazer ouvir e reivindicar.

Como treinador aprendi que também há outras conjugações a retirar dessas especificidades. A titulo de exemplo mais incisivo e de uma ordem alicerçada no mais natural da ocorrência, quantas vezes tive que interromper um treino para que uma - ou mais atletas - fosse praticar a sua higiene pessoal por causa da menstruação. E o quanto isso condiciona nas suas etapas o seu desempenho antes, durante e no depois.

A grosso modo o Futebol Feminino tem vindo a crescer, mas numa postura marginal. A massificação ainda é uma realidade de efervescências localizadas e que pode retalhar a competitividade no seu computo geral. A segunda divisão já é um bom augúrio. Zona norte / Zona Sul. Mas a divisão que a lhe fica atrás tem que ser bem ponderada e nunca pode ser deixada à consignação das Associações.
… … … … …

terça-feira, 14 de abril de 2020

“POPULAÇÃO MENOS EDUCADA, MAIS POBRE, ENVELHECIDA E CONCENTRADA EM LARES”


Isto tudo é verdade. Amigos, isto é verdade. Ponto final.
Mas todos os dias, existe um sim… de um assim… sem fim.
Assim utilizo o assim para isto:
Assim como o COVID 19 não veio suprimir outras patologias e as suas consequências, vive-se e morre com as mesmas moléstias, agora fora de moda. Assim como não veio ocupar o espaço dos refugiados e lhes proporcionar uma triagem adequada e outra qualidade de vida. Assim como milhares de seres humanos ainda não coabitam com o vírus, mas continuam a morrer de fome. Assim como a pandemia não encravou nenhum gatilho de nenhuma pistola e centenas de pessoas desvivem ao silvo das balas… …
Estas noticias e outras da mesma gamela, eram o Norte de um desnorte que factualmente se omite. E a bussola que fez encravar o ponto boreal do bom senso. Projetou-se uma frase infeliz pela imagem da sofreguidão de estarem focados numa galdéria de uma virose que se tornou numa disputa de audiências. O orgasmo do “audiovisual” do hoje e agora. Nunca a primeira mão foi tão primeira… e disputada. Não é fácil resistir ao vício que o bicho (que até podemos chamar sem preconceito de: noticioso) nos proporciona. O tempo da puberdade é sempre delirante. E depois da nódoa ... o que vale pedir desculpa!?    
A única coisa "válida" que este COVID 19 veio fazer foi desacelerar a pesporrência e impunidade que os nossos impostos sustentam. Mas a ligeireza de os absorver persiste e existe.
Assim como assim, continua outro assim… quase numa espiral de outras porras muito más e feias. E falam-se em tempos novos… outras mentalidades… novos costumes… outro confinar laços de solidariedade etc…. O mesmo tesão de tretas e do politicamente correcto.
E só uma “POPULAÇÃO MENOS EDUCADA” é que se deixou viver neste mercantilismo de uns viverem às custas dos outros. Mas numa linguagem poética absorver “bóreas”, não os deixa ser apáticos, preguiçosos e sovinas. Para resistirem têm que bulir e bulindo dizem-se muitos palavrões e ainda sobram uns piropos para as beldades… É como um gajo que é careca de o saber e sentir, mas não inveja a cabeleira dos outros. Inclusive, regozija-se por isso. Não perde tempo a ser peneirento na frente do espelho. Vai para o trabalho com a roupa que tiver mais à mão. E nesse habitat, forçosamente é-se “MAIS POBRE” porque se vive mais próximo, mais aconchegado, vê-se menos TV e moca-se mais. Surgem mais bocas para sustentar, e se isso não bastasse, outras se abrem para dizer merdas…, mas que nem por isso as deixam com a pele da barriga encostada às costas. A malta lá fala assim, diz umas asneirolas quase a cada três palavras limpas… e necessitam de dar aso ao primeiro reparo dos cultos e até dar-lhes algum protagonismo. Enquanto falam estão ocupados e não os distraem. Os parlapatões estão arriba… categoricamente.
E por muita vontade que eles tenham de serem perpetuamente jovens a malta impreterivelmente torna-se “ENVELHECIDA”. É a lei da vida. Mas também é fruto da porra das suas manias de labutar. Não frequentam com muita assiduidade os ginásios e a ginástica que lhes deu saúde e longevidade bem daí. Dois em um. O que lhes cultiva uma mente sã e a destreza de se retirarem da primeira linha de combate da economia e da industria, para se confinarem numa “CONCENTRADA EM LARES” que é para recuperar o tempo que outros inquilinos do rés-do -hão do edifício comum usaram a jogar as cartas em horas despropositas. E não morrer sem vícios e disso ignorantes. 

(Nota: - Usei uma imagem na minha página do Facebook por mera coincidência. Reparei que ostenta o slogan da minha crónica)

sábado, 11 de abril de 2020

Episódio. Capítulo.


Hoje, não está fácil ser humano num mundo que tanto nos deu a troco de tanta soberba. 
A vida não é um quadro aonde se escreve um texto e o apagamos porque nele existe erros ou a caligrafia está mal feito. Temo que superar essas evidências e periodicamente reeducarmo-nos.
Se após os momentos deste tempo não formos capazes de procurar as insígnias – os cinco sentidos dos afectos - que corriqueiramente tornamos tão banais e desprestigiamos outrora e não as soubermos colocar na ribalta, não somos dignos deste confinamento social e muito menos de respeitar a memoria de quem morreu neste combate contra um inimigo cobarde. Como não somos dignos de respeitar a geração que sobra deles – nós - e que deles não se logrou despedir com um berço de luto digno.
Depois deste episódio o capítulo que se vai seguir, tem que ser forçosamente distinto.  

segunda-feira, 30 de março de 2020

A muralha e os dois lados da "civilização".


O jornal dinamarquês, Jyllands-Posten, publicou um cartoon que se assemelha à bandeira Chinesa. Ilustra o desenho do vírus num fundo vermelho, no mesmo sentido das suas estrelas.  
A embaixada Chinesa lançou um comunicado no qual destaco este excerto, “Sem qualquer simpatia ou empatia, [o desenho] ultrapassa os limites de uma sociedade civilizada e o limite ético da liberdade de expressão, e insulta a consciência humanos…”
Mette Frederiksen a primeira-ministra da Dinamarca disse que no seu país existe uma “forte tradição não só com a liberdade de expressão, mas também com a liberdade de sátira… E vamos continuar a ter isso no futuro”.

Pergunto:

O “GRANDE SALTO PARA A FRENTE” que originou a “GRANDE FOME CHINESA”, por eles apelidada “desastres naturais “não“ ultrapassa os limites de uma sociedade civilizada...”?

A anexação do Tibete não “ultrapassa os limites de uma sociedade civilizada...”?

O que aconteceu a 5 de junho de 1989 na Praça da Paz Celestial também conhecida Praça Tiananmen, não “ultrapassa os limites de uma sociedade civilizada...”? Aonde está o jovem que “bloqueou” uma coluna de tanques?

O matar toda a espécie de animais em condições indignas de higiene e salubridade pública em mercados públicos, não “ultrapassa os limites de uma sociedade civilizada...”?

O ter cidadãos presos por delito de opinião, o subjugar o povo Uigur, o “sinicizar a religião” não “ultrapassa os limites de uma sociedade civilizada...”?

O não saber o paradeiro de Ai Fen uma das médicas que tentou denunciar o surto de coronavírus em Wuhan,em Dezembro de 2019, não “ultrapassa os limites de uma sociedade civilizada...”?

domingo, 29 de março de 2020

Nada será igual. Mas podemos continuar a ser latinos orgulhosamente.


Nunca tive tanto orgulho em ser latino como agora.
A Itália, França, Espanha e Portugal por causa deste vírus dá ao mundo a conhecer a sua génese íntima. Somos aqueles que de uma forma serena temos dificuldade em insultar a nossa alma.  Não existimos sem conservar os anéis dos afectos. “La famiglia”. “La famille”. “La família”.  A família.
Itália pela voz do grande Luciano Pavarotti: - “Ti amo”.
França pela voz de Édith Piaf: - “Je t'aime”
Espanha pela viola de Paco de Lucía: - “Te amo”.
Para nós Portugueses sejamos latinos com muito orgulho pela voz da Diva Amália Rodrigues.
Estoicamente estamos a pagar um preço muito elevado por isso. Mas empiricamente esse é o nosso código genético social.  

Ao longo da minha vida tenho sido apelidado de lírico, poeta, filosofo – e demais quaisquer porcarias ou merdas – mas nunca abdiquei das minhas convicções. Sempre defendi que uma sociedade sem educação não tem futuro e hipoteca o seu presente e sem um chão de saúde não consegue salvaguardar os seus e subsistir ao imprevisto...

Os interesses económicos abalroaram a politica e tudo circula nesse diapasão.
Este sacana deste vírus veio colocar a nu a fragilidade do mundo actual que se sustenta numa politica egocêntrica que não passa de uma verborreia que ao estender uma das mãos para dar tem na rectaguarda a outra para retirar.
Para mim a Educação e a Saúde não podem ser questionadas. Uma sociedade civilizada não pode prescindir destes dois condimentos essências para a sua segurança cívica e conforto. Comparo estes dois estados a um quartel dos bombeiros. Existem lá mulheres e homens que não consignam por si o acidente, mas a ajuda premente para tal ocorrência. Estou-me a nas tintas se eles – profissionais de saúde -  nos tempos sem actividade estejam a jogar as cartas ou a coçar os anexos do umbigo. Eu quero e necessito de prontidão quando tiver um despiste no meu circuito da vida.

A nossa Constituição da República não passa de um livro de mentiras e utopias. Porque a nossa classe politica só a invoca quando interessa. Pois sistematicamente a deixa submeter a interesses económicos e a outros obscuros.
Hoje mais que nunca tenho a certeza absoluta que estou certo. E nessa ideia. Nesse estatuto não vou dar tréguas a meia dúzias de políticos situacionistas que se nos apresentam a sufrágio.

A nível autárquico não apoiarei quem se limita a seguir o guião partidário, do comodismo, da falta de imaginação, da falta de compromisso e que só pretende gerir em vez de resolver problemas. 
Escutarei com interesse quem demonstra que se preocupa com a educação dos seus cidadãos. Com a saúde dos seus habitantes. Bem com a identidade que nos absorve num espaço territorial. A sustentar este dicionário de intenções quero um plano estratégico de execução. Nem que isso me custe alguns ou todos os arraiais… uma obra de fachada…  ou um outro divertimento... ou outro engodo para nausear eleitorado. Pretendo nunca mais voltar a hipotecar festas de afectos ao que mais amo.
Também não posso concordar que nos coloquem numa jaula de tecnocratas a usufruir e partilhar de bens essenciais. 

A nível legislativo apoiarei quem demonstrar inequivocamente que a Educação e Saúde são um desígnio Nacional. E apresente uma reforma politica e administrativa que defenda que os impostos dos cidadãos são para implementar na garantia da sua cidadania plena.

A nível Europeu apoiarei quem me garantir que ser latino na Europa também tem espaço comum.

Para Presidente da Republica apoiarei uma Mulher com o carisma de minha Mãe. Necessitamos de amor, respeito e de um atributo muito especial, que ralhe com aqueles que nos enganam e nos fazem mal. Não que tenha perfil de ficar sempre bem…

quinta-feira, 26 de março de 2020

Sinopse histórica. A inversão da Rota da Seda

Quando o mundo assiste a uma proliferação de imbecis a ascender ao poder democraticamente: -  Donald Trump /USA; Boris Johnson Inglaterra; Jair Bolsonaro / Brasil; Andrés Obrador / México… … … deveremos começar a fazer psicanálise social e voltar à escola para reaprender as vogais e consoantes de uma cidadania plena. 
Quando constatamos a China a ultrapassar liberalmente em economia de mercado pura e bruta os ensinamentos de Mao Tsé-Tung. A Rússia de Josef Stalin, Leon Trótski… e que tanto absorveu dos Prussianos (Alemães) Karl Marx e Friedrich Engels a renegar o comunismo por uma faceta de solipsismo de activismo oligarca. O mundo regrediu em convicções para o bem e para o mal e cresceu em teses para o mal e para o bem.

Quando a EUROPA após o apagar das cinzas da segunda guerra mundial e consolidou a sua regeneração nunca mais conheceu lideres com o perfil de Estadista da dimensão de Winston Churchill, Charles de Gaulle, Willy Brandt, Olof Palme, Margaret Thatcher e Mikhail Gorbatchov … soçobra a líderes regionais.
Quando presenciamos a queda do muro de Berlim, o fim do Pacto de Varsóvia e consequentemente o desmoronamento da União Soviética vários países de Leste adquiriram a sua identidade e histórica.  Eclipsou-se a “cortina de ferro”.
O que num contexto de concatenação politica originou que o mundo ficasse coxo. Ficou só com a OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte, que para mim foi sempre mais que uma aliança militar.
O velho continente, viu crescer a União Europeia com pressa demais.  Ela aglutinou países que ainda estavam a aprender andar sozinhos. Caso daqueles que viveram sob o jugo da URSS. E nesta amalgama de nos querermos abraçar a tudo e a todos a Europa complexou-se, equivocou-se e ajoelhou-se por redenção e por sedução, perdendo os seus ascendentes culturais idiossincráticos. Neste papel de alheamento de si própria a Europa viu nascer: - casamentos políticos (em que os noivos nunca namoraram, sequer se beijavam, ou em serões de mais entusiamo, acasalaram); absolutismos económicos, impulsos regionais; movimentos xenófobos; cerimónias racistas, êxodos descontextualizados e a Inglaterra a voltar de regresso ao seu Reino Unido.

E nesta espiral de bem e mal, Portugal assalariou-se. E nessa pedinchice… polvilhou-se de “garotos de bem” com uma obediente frequência partidária e uma catequese de améns cegos. Espalhando-os pelos quatro cantos do nosso mundo repúblico. Alguns chegaram alto e desse pedestal miram-nos com desdém. E dessa altiva postura tornaram-nos escravos de interesses. Grupos operacionais tomaram de assalto vários sectores de influência e de actividade. Ouvem-se em tudo o que é opinião. E tornaram-se braços armados de agenciamentos.  
Existem gerentes que mais não fazem que é roubarem-nos a dignidade individual e colectiva. Alegando reorganização, despedem-nos. Alegando modernices, imutam cenários…   E essencialmente com os vencimentos dos que despedem organizam orgias e distribuem pornograficamente esses dinheiros por si e os demais salafrários que os acompanham.
E vamos engolindo várias mentiras repetidas – é esse o guião – que com a fluidez que circulam se tornam verdades e verdadinhas absolutas.
E neste cozido vamos marinado estupidamente. Sem lucidez social. Sem resistir. Sem   brio nem dignidade.

Com uma Europa a correr o perigo de se estigmatizar a si própria correndo o risco de se desfazer… e Portugal a ser sedado por Pinóquios policromados. Avistamos a China com um ar de puta sabida a oferecer-nos o seu corpo. Corpo esse que está nos antípodas de tudo o que defendemos, respeitamos e amamos. Esta pandemia não é só o vírus que nasceu nos mercados selvagens de Wuhan que nos obriga a pagar um preço muito elevado – almas – é também o ópio que cegamente snifamos ao pedir socorro a quem nos meteu nesta alhada.... Aliás o único carreiro disponível. Espontâneo? Premeditado?  
Isto vai-nos levar a um novo ciclo nas relações internacionais. No fim de dessecar a Europa e regular o seu mercado económico a seu belo prazer a China vai interagir com o continente africano de uma maneira mais incisiva e controladora de mesmo modo o fará com alguns países da Asia menos vigorantes. Tem disponibilidade e sente que a Europa os "abandonou"...  E escusado será preconizar os efeitos nefastos que advirá disso para todos nós.
Só há um país no mundo que sairá desta pandemia com poucas interrogações. Poucas questões por resolver. Mais consolidado.
Se havia uma muralha nele que o defendia agora expande-o sem fronteiras. A Rota da Seda, inverteu-se.

terça-feira, 24 de março de 2020


UMA POÇÃO DE HUMANIDADE.

Trecho 6 / Março, 24 de 2020

O caracol cuja velocidade de ponta atinge 0,047 km/h em média é um ranhoso do caraças. A “casa” que trás ás costas representa o seu esqueleto e é feita de calcário a qual pesa pouco mais que um terço total do seu arcaboiço. Os tipos não ouvem. Sendo o tacto e o olfacto os seus guias directores. Pouco enxergam com os olhos que estão instalados nos “cornos” maiores. Os órgãos genitais ficam paralelos à boca acompanhados das “válvulas” que bombeiam o ar cujos depósitos estão dentro da carapaça. 
Além de serem moncosos os pacholas são dorminhocos. Podem ter sonecas de três anos o que representa 10% da sua longevidade.
Podem ser carnívoros – minoria - como herbívoros e adoram noitadas. São vorazes tendo como barómetro a humidade e as estações do ano. E possuem um espirito nutriente tipo camelo nas temporadas secas.
São animais hermafroditas. Cada um possui uma pilinha e uma pipi, mas mesmo assim precisam de um parceiro para fazer a cópula e se difundirem. 
Há quem os coma. A caracoleta (Helix aspersa) de jardim é a mais comum entre nós e a que nos causa mais estragos nas cartas que são depositadas nas caixas de correio. E há outros que os usam na pele sem o saber. Possuem enzimas que reparam e cicatrizam as rugas além de serem hidratantes e antioxidantes. No mercado existem inúmeros produtos de cosmética com a sua comparência.
A nossa classe politica está empestada destas azémolas. Ambulam au ralenti. Arrastam-se por longas sonatas no sistema politico. São de uma enfadonha estrutura e de uma patologia congénita a que poucos dos cinco sentidos escapam. Nunca sabemos o que representa o estojo que comporta a língua e os dentes.  Se o gargalo de um depósito de ar contaminado ou um órgão produtor de petas, aldrabices e afins.
E como no meu jardim só por lá circulam os caracóis que deixo e consinto. E ao desabafar com esta sinceridade espero não aPANtufar uns iluminados que comeram de toda a porcaria para cá chegarem e agora dizem-se veganos ou vegetarianos. Numa figura de estilo que abranja os dois requintes gastronómicos , digo que são uns alfacinhas borbulhentos. Que no meu calão alimentício é o mesmo que: - copinhos de leite. Os quais se esquecem que a ração de alguns animais possui carne de alguns parentes dos bichos. Partindo de o pressuposto de todos também serem primos e primas, como nós. Tenho que acrescentar que não me incomoda que os tipos não comam carne e os derivados dos animais. O que me chateia é censurarem-me a que eu herdei e me satisfaz plenamente fazendo de mim um rapaz espadaúdo, rosado e corado.
A fase colectiva que atravessamos não se parece nada com a aparência do meu jardim e muito menos com o da Celeste. E como é uma evidência insofismável, creio que após esta tormenta que nos murcha muitas flores do nosso logradouro nada jamais será igual. Não o podemos permitir.


(a "coisa" vai seguir).

segunda-feira, 23 de março de 2020


UMA POÇÃO DE HUMANIDADE.

Trecho 5 / Março, 24 de 2020

Existem sempre umas páginas na nossa vida que se viram e nos deixam um vazio. Não que nelas não tenhamos vivido algo intenso, mas porque sentimos a necessidade que elas nos entreguem a um escudete. De nos olharmos. De nos harmonizarmos.
Ao longo da minha vida idealizei sonhos. Vivi as suas realidades, também. E habitei as duas vertentes das causas que definem o adequado e o inadequado. Obviamente que sim. Apliquei o que de melhor de mim personifica o oitenta e o oito mil nos campos das interpretações. Não me quedo em lado nenhum em que esse terreno nada me enuncie. Não sei fingir. Sou incapaz de pensar uma coisa e dizer outra. E, no entanto, existe sempre quem saiba mais de mim, que eu próprio.  
( Vitimização!?   Mitigação!? - Escolham. Das duas hipóteses, eu escolho outra... )     
Não tenho amigos, amigos de grandes folias e motejos. Possuo no meu portefólio social, pessoas que se relacionam comigo. E dessas existem quem me passe cartuxo, quando as minhas convicções lhes dão proveito. E varia conforme a cadência dos acontecimentos e interesses. O que para mim não me desvirtua, tão pouco me entusiasma. Como sempre digo: - eu em mim!
Nestes últimos tempos por motivos de debilidade – a C6 – tenho-me retido em casa. A dormência e falta de sensibilidade são uma sina muito pesada para quem sempre teve da sua profissão uma noção de uma actividade social. Ser carteiro, preenche-me a alma e faz de mim um homem muito bem resolvido profissionalmente. A vontade pede-me para estar no activo neste momento tão difícil para todos nós, mas o corpo estadeia inumeráveis reticências. Penitencio-me austeramente por isso. Embora apeado do verdadeiro cenário da guerra, porque estou por casa, tenho vivido esta tormenta com olheiras.
Sinto-me enjaulado pela enfermidade e prisioneiro do pouco truísta “COVID 19”. Sinto que os meus canários - mesmo na gaiola - são mais livres que eu. Desconfio que o Elvis e a Panchita não desconfiam porque estou por casa. Ambos latem. O Elvis um lavrador. A Panchita uma rafeira. Na hora da refeição – cinco e trinta – julgo ouvir o ZÉ Cabra nele e a Maria Leal, nela. Fico dissonante, integralmente consumpto. Limpo o cárcere de cada um, deixando-os azeitadinhos. Creiam, que faço tudo, para os perros não se aperceberem das causas que me parqueiam em casa. A coluna … e são colunas que os separam… os animais sabem que eu sou um bom progenitor. Já conhecem os meus cinco filhos. Não os quero a seguir a minha fertilidade, pois eu já sou um teso do caraças e mais bocas cá em casa era um grande rombo.  Ele e ela, ambos - são virgens. Pavoneiam-se. Ela deve-lhe dizer, “tenho-a aqui, mas toma lá só um cheirinho” … e ele, “o que tu queres, dá-te uma mijinha” ….  
Não sei se os deixe fornicar. Admito que ultimamente tenho pensado muito nisso. Pois sempre ouvi dizer que “até os bichinhos gostam”.  E isso é um quiproquó que no futuro me pode trazer alguns dissabores. Não vá um gaijo saber para onde vai e aonde pode ficar apeado …. Entrementes há uma Sede em Roma que perdoa quem cometeu pecados e morre hodiernamente hediondamente. Actualmente é sempre uma recomendação que nos tranquiliza. Existem decretos que são feitos para uma coisa, mas abrangem outras agendas em tempos de guerra e solidão…. suportam de bula e gula. Espero que por eu me deleitar imenso com aquilo que julgo que eles gostassem, não seja penalizado por não proporcionar essa conexão aos dois. Hoje como estamos de quarentena e somos quatro cá em casa sem trabalhar, temos outras preocupações. O dinheiro é pouco para nós e eles também comem. Nós não temos o ouro e usufruirmos de ostentação de riqueza como alguns que andam sempre de mão estendida. Não sou masoquista, mas sou obrigado a reconhecer que de vez enquanto também contribuo para esse peditório. É intrigante saber para que serve isso agora.
… … …  
É um dilema impetuoso não seguir a tentação de sair de casa e ir abastecer os carros da família a umas bombas de gasolina. Agora que a economia parou e as rodovias ficaram desertas as bombas sofrem de uma guerra sem quartel. Milhões de popós pararam e por incrível que pareça engodam-nos com preços cada vez mais pequenininhos. Só pode ser gozo! 

(a "coisa" vai seguir).

sexta-feira, 20 de março de 2020


UMA POÇÃO DE HUMANIDADE.

Trecho 4 / Março, 21 de 2020

Existem sonhos e neles pesadelos. No sonho, há “… um desejo reprimido…” (Freud). Para Jung, o seu “… conjunto de imagens…” parece uma herança.
O pesadelo é um devaneio penoso. Um distúrbio para o qual temos de arranjar uma solução.
E acordados, havemos de arranjar uma solvência para um obsceno patife que sendo invisível nos condicionou os cinco sentidos dos afectos. Aliás, sequestrou-nos... por motivação nossa. Senão, corremos a enfermidade de o ver derrubar sem trincheira quem mais bem-queremos. Esse minúsculo bicho covardemente se infiltra no nosso corpo, corroí-nos a alma e ainda se consola de nos ludibriar os nossos passos. Nunca sabemos quando nos pode apanhar. A flagelação de nos aprisionarmos em casa mitiga a sua propagação. Mas o gaijo espreita de manhoso ao primeiro descuido ou ansiedade descontrolada para nos agredir, reprimir, restringir e afligir, de forma sintomática. A sua fisionomia sem corpo tenta-nos outorgar o rosto de homicida, parricida… O cabrão é mesmo um grande filho da puta.
Por falar em tal filho, lembrou-me de um episódio que vivi em Sabouga numa festa ao seu padroeiro Santo Inácio de Antioquia – (“Bispo e mártir, foi discípulo de São João e sagrado bispo por São Pedro e morto no Coliseu de Roma, devorado por leões”. Nasceu na Síria (?) e morreu em Roma a 6 de julho do ano 108, depois de Cristo. No calendário litúrgico a sua memória celebra-se a 17 de outubro). Confesso que é um enigma que não consigo descodificar, como justificar a sua presença.
Passando o sagrado para voltar ao profano e neste ao mais ordinário calão, Sabouga celebrava a sua festa na penúltima semana de julho de cada ano. Numa dessas festas, inicio dos anos oitenta um bebedolas por “dá cá aquela palha” apalpou as mamas a uma prima minha e retardou retirar as manápulas de tal peito inspirador. Apercebendo-me de tal episódio abordei o meliante e interroguei-o:
- Estás parvo ou quê!?
O gajo com uma desfaçatez, retorquiu:
- Tem calma que eu sou um grande filho da puta. Mas a minha mãezinha não tem culpa, já morreu.
A minha prima completamente fora de si, puxa da culatra atrás e aplica-lhe um sopapo, que o fez tombar.
Levanta-se de dedo em riste e exclama: - Tu tens coragem de bater mais ao filho da minha mãezinha?
- Não. És órfão. Judiciou-o.
Ao filho da puta de apelido 19 que nos atormenta nem isso lhe vale. Estafermo dum cabrão. … … …

(a "coisa" vai seguir).


UMA POÇÃO DE HUMANIDADE.

Trecho 3 / Março, 20 de 2020.


O Instagram, Facebook, Twitter, WhatsApp…. fazem o longe ser perto e o perto já ali. E assim vamos abraçando a saudade por um olhar de ver. E vamos passando o tempo.
A época que vivemos hoje faz-nos ser mais meditabundos e capacitar que andamos arredados das verdadeiras causas familiares e comunitárias. Sofremos nós os humanos… mas a natureza aproveita para se regenerar… E neste interlúdio, as memórias assolam-nos.   
Em 1973 havia um folhetim radiofónico “Simplesmente Maria” que parava a povoação de Sabouga pela hora do almoço. O rádio do Ti Ferreira era sintonizado na Quintã. E abrangia a povoação quase toda. O enredo era a sobremesa social de uma comunidade recolectora.  Alberto um galã citadino e Maria a provinciana que procurava um novo estatuto… foi um arco-íris no enlevo romântico que caracterizava a paisagem humana e natural da aldeia. O tempo que durava a audição os “ais” e o “ui” das mazelas de cada um, era substituído pelo balar das ovelhas e berregar das cabras tendo como compasso mais melódico o chilrear dos passarinhos.  A minha Tia São era uma fã da Maria que a família do Alberto para ela não passava de uns “grandes cabrões …”. Pelas súplicas dela, “todos os coriscos” que os pudessem “abrasar” eram poucos. Fascinava-me a conjugação de enredos que estendido numa paveia de fetos, debaixo de uma latada de uvas morangueiras – que aroma - deleitava-me atónito. O pátio da minha Tia São era o ponto de encontro da malta que vinha passar ferias. O mês de agosto polvilhava de irreverência toda a comunidade. Os namoricos aconteciam. As arvores de fruto eram abalroadas. Os capoeiros de quando em vez perdiam o seu líder ou a galinha mais poedeira. Que em surdina ouvíamos relatos das ocorrências culpando a raposa, javalis e “outras aves raras”.
Na eira do povo dançávamos ao som da grafonola do meu Pai e a folia sobrevinha de uma maneira tão inocente que o pecado maior nascia por não haver luzência artificial. Estar e ser desalumiado, sobrepunha-se.  Quando o sol se punha e a lua aparecia, o candeeiro a petróleo ou o gasómetro, significavam luz e passos mais alinhados.  
Os rebanhos de cabras e ovelhas eram inúmeros. Eram dezenas e dezenas de cabeças de gado. Preenchiam todas as ruas numa algazarra que faziam de todos nós – urbanos imberbes – pastores marionetes. Quem nos manipulava – os anciãos - fazia-o com tanta maestria que parecíamos profissionais da coisa.  Cada um com um cajado e o seu farnel numa cesta íamos até à Serra do Bidoeiro, deslumbrar o panorama e descobrir as suas belezas e história.  
… … …
E a história de hoje é uma novidade…, mas a memória que ela transporta e que nos trouxe até aqui, obriga-nos a atravessar um caminho de ferro que nem sempre nos deixa parar em todos os seus apeadeiros. Mas mesmo assim existe a necessidade de lembrar uma placa que é comum a todos, que nos informa: - “Para. Escuta e Olha”.   
… … …

(a "coisa" vai seguir).

quarta-feira, 18 de março de 2020


UMA POÇÃO DE HUMANIDADE.



Trecho 2 / Março, 18 de 2020.

Pelo trecho anterior, jóquei após jóquei, ficaram sempre apeados e desatualizados. E nós na sociedade actual celebramos contratos, estabelecemos regras, fazemos contas, idealizamos o futuro e tudo isso fica numa total insciência. Fica nos apeadeiros dos interesses, dos cânones do mercadejado e acima de tudo numa peneira que após a malha nos separa do trigo e do joio.
Em Sabouga havia a eira do povo sitiada num terreno do meu avô Adriano e Avó Felismina. O meu avô foi um homem que foi protagonista na primeira guerra mundial (1914/1918) e foi dado como morto numa trincheira. Foi um dos bravos do pelotão que quando regressou, “vivinho da costa”, trazia a toxicidade entranhada no corpo que lhe originou alguns estados de humor que o afligiram até fechar os olhos. Tenho dele, quando vinha passar férias de Marco de Canavezes uma imagem de repolhudo. Tinha um barrete de lã com uma bolinha a fazer de testo, sempre na careca… e pediu-me a minha metralhadora de brincar para se lembrar de mim e da sua guerra. Ficou exposta à cabeceira da cama e em troca deu-me um sachinho de jardim que ainda hoje o possuo.  A minha avó era uma mulher franzina. Uma paz de alma e uma mulher ao nível da padeira de Aljubarrota nas suas tarefas de mãe, domestica, agricultora e pastora. Tinha um bigode farfalhudo e um olhar de uma melancolia que me faz lembrar a Mona Lisa de Leonardo da Vinci. Falo da década de 1960. Era um pirralho.
Nessa eira, há uma oliveira que tem enraizada em si uma história que se viveu nas invasões francesas. Na, sua narrativa existe reparos a lugares da Freguesia de Lavegadas (1811). …
Diz a lenda que o exercito francês veio a Sabouga fazer uma pilhagem na procura de valores e alimentos. O povo escondeu-se pelos quintais e Serra do Bidoeiro, mas conseguiram sequestrar uma mulher desprevenida. Tiraram-lhe a roupa… deixando-a pendurada nela pela cintura. Tendo os soldados de Napoleão coagindo a pobre coitada e ouviu-se: - “Ó Maria, anda que já se foi embora o inimigo”. Nada conseguiram. Deixaram um rasto de esbulho e ainda dois tiros na porta do padre… hoje a casa do meu padrinho Albertino.
E nesta amalgama de episódios que vivi e me disseram que foi vivido, constato que a história evolui imenso e que cada vez menos temos tempo para nos aprovisionarmos de defesas e olhar de frente os inimigos olhos nos olhos na luta pela sobrevivência.
… … …

(a "coisa" vai seguir).


Neste tempo de incógnitas – inimigo invisível - numa certeza absoluta – entes / família / sociedade – vou tentar escrever textos (sempre que a alma me cative a razão e esta a vontade) do que fui /sou, o que eramos, o que somos e vamos ser.

Trecho 1 / Março de 18 de 2020.

Uma poção de humanidade.

Ao longo destes últimos anos, temos sido “vacinados” por um pacote de medidas que tem como factor primordial a economia. As pessoas foram subjugadas a causas provenientes do esforço do seu trabalho em detrimento do património que lhe aplicam. Passaram para segundo plano.
Os partidos políticos continuam “escravos” da mesma teoria do século passado. O mundo como realidade constante superou-se e tem a cada dia que passa uma nova vertente de conhecimento e aptidão. Galopa depressa demais para os cavaleiros que tem disponíveis na cavalariça. E esses e estes, começam a ser de um prazo de validade de curto tempo. Entretanto como se começa a correr apressadamente o coito que protege a puro sangue é descuidado e começam a haver cruzamentos que outorga jericos e mulas a preencherem os estábulos.   
Na minha juventude na linda aldeia de Sabouga fui o escrivão dos velhinhos dessa altura. Escrevi carta pelos dados que eram lançados das cordas vocais do Ti Ferreira e da Ti Ermelinda; da Ti Clementina e do Zé Augusto; do Ti Zé das Barreirinhas e da Ti Maria… para os seus familiares que se espalharam por França, Luxemburgo e Suíça.  Eram os analfabetos que conhecia, mas com uma sabedoria de trindade – local, nacional e universal -  impares e únicas. Eram de uma mordacidade empírica. De uma subtileza platónica. De um pensamento cartesiano brilhante.  De uma escola peripatética de casa para o quintal que Aristóteles era um principiante ao pé dos meus heróis amados. Recebi a sua mensagem colava no papel. E depois da carta fechada assunto encerrado. Havia tempo para absorver os tempos e a realidade que cada um viveu e vivia. Hoje ao lado dos meus filhos sinto-me um apedeuto e a ver os meus netos um boçal. O tempo, como dizia, galopa muito depressa e o jóquei está sempre a cair do cavalo. E a cada queda, quem o substituiu faz do outro um faneco que fica fora do baralho. 
… … …


(a "coisa" vai seguir).

quinta-feira, 12 de março de 2020

Pirueta estratégica.

Ouvi uma personalidade da APIN numa rádio local a dizer que era muito mau Penacova sair do seio da associação. Penacova personificava na pessoa do seu Presidente do Município a liderança. Ontem o líder distrital do seu partido – não me apanhou desprevenido – exibe uma proposta na Assembleia Municipal de Penacova, onde é presidente, no sentido de a abandonarem. 
Uma pirueta politica que açoitou de transe a confiança no reino socialista. Existem muitas interpretações a retirar desta amalgama de conflitos institucionais. Umas não deixarão de se tornarem meras especulações. Outros abetesgados exercícios retóricos. Mas factualmente existem evidências que ninguém pode escamotear que embutiram no areópago politico uma balbúrdia que pode ter efeitos muito nefastos para algumas candidaturas / recandidaturas nas próximas eleições autárquicas.

O líder distrital:
1.       O líder distrital do Partido Socialista “desautorizou” neste processo os autarcas de Vila Nova de Poiares, Lousã e Gois.
2.       O líder distrital do Partido Socialista deu a mão a um autarca, declinando-a a outros três.
3.       O líder distrital do Partido Socialista proporcionou uma “influência” numa associação que se pretendia apartidária, originando a saída de um dos seus membros.
4.       O líder distrital do partido socialista está em fim de ciclo.

O Presidente da Assembleia Municipal:
1.   O Presidente da Assembleia Municipal de Penacova suspendeu a reunião… no intuito de descodificar a revolta popular e os seus lideres.
2.   O Presidente da Assembleia Municipal de Penacova interpretou a conjuntura – e da sua ausência aquando da votação para aderirem à APIN – fez de uma forma holística a presença que deu pulso à única moção vitoriosa.
3.       O Presidente da Assembleia Municipal de Penacova salvaguardou o sossego e manutenção do Órgão Executivo até ao final do mandato.
4.     O Presidente da Assembleia Municipal de Penacova arrecadou o aplauso mais longo que se registou na sala. 

O Candidato:
1.       Se o candidato em 2021 do Partido Socialista for alguém do actual elenco do Órgão Executivo aparecerá muito fragilizado.
2.      Creio que a distrital do partido socialista terá outro líder.
3.   Creio que pelo Circulo Eleitoral de Coimbra aparecerá um novo membro na Assembleia da Republica. 
4.      E nasceu o candidato ao Município nas eleições de 2021 pelo Partido Socialista.  

No meio disto tudo, surpreendeu-me que a oposição nunca o tenha questionado em plena Assembleia Municipal do que pensava sobre a APIN, após a falta que deu no dia da sua aprovação.

Inacreditável o aproveitamento politico de uma situação em que foi conivente com tudo. A sua falta de comparência no dia em que foi aprovado a adesão e o seu silêncio posteriormente... deu aso a uma postura de tacticismo politico execrável.