Eu queria ouvir em mim
Um silêncio arreado numa bomba
Ouvir falar num arlequim
A sair da bruma nas asas de uma pomba!
Eu queria dizer de mim
Um poema nascido de uma caneta romba 
Ver começar um principio e meio num fim
A entrada sorrateira de quem me zomba!
Eu queria sair a fugir de um fortim 
A suar de brigar e saltar tanta lomba
Pedir para as dores pós de perlimpimpim
Até me ver deitado - dorido - numa comba! 
Eu queria partir daqui: - enfim.
Sem olhar para trás de forma tomba 
Roubar das marés do mar um delfim
Até não ver a luz do sol numa tromba!
ALBERTO DE CANAVEZES
