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quinta-feira, 8 de março de 2012

A MINHA HOMENAGEM: - A TI MULHER.

Hoje lembro-me da Dona Amália Rodrigues; Cesária Évora; Whitney Winston;… Da minha madrinha Fernanda; da minha Tia São; da minha “governanta” Dona Noémia Melo (Marco de Canaveses); da Ti Augusta do Soladinho (nela as mulheres de Sabouga da minha meninice e quimeras); a Dona Miquinhas dos Casais. Sei lá quais… sei lá que mais… sei lá as demais! Falo nestas Senhoras - talvez por um estado de espirito – talvez pela minha velhice (ou eterna juventude)! Lembro destas senhoras, porque no meu imaginário foram a duas primeiras que me fizeram “festas” de arromba na minha puberdade. Amo o fado. Amo as Mornas. E coloco na Whitney Winston – a voz no feminino. “O Guarda Costas” da candura da feminilidade… Depois as outras Senhoras estão nos patamares dos meus afectos… do meu cerne como homem. Amo as minhas filhas. Não, as amo, assoberbo a sua sombra. Distintas mas, belas nas suas paisagens femininas do conteúdo de serem mulheres e soberba da sua imagem. Pelo prazer que tive em juntar o meu esperma no fecundo baú vaginal da minha esposa. A minha esposa é o culminar de outros amores e olhares que devotei a outras mulheres. É ela a eleita. A mulher entre as mulheres. A minha aliança não está no dedo. Detesto adornos. Odeio o ouro. Não é um casamento infinito nem finito. É o meu amor de agora do ontem… Ao qual me mantenho fiel, obediente e submisso. Sem estigmas nem sobrancerias de me considerar maior ou menor. Não existem enlaces perfeitos no campo dos encalces afectivos e deflectidos. Existem similitudes de contemplações e complementos. Existe uma queda inclinada no amar, que o amor por vezes se torna tendencioso e enfatuado. O contentamento pleno numa parceria a dois quando dito é um embuste… quando procurado é real. Não fosse tão só uma cadência de ceder personalismos individuais no intuito de cada um se relacionar na comunhão do seu ego o frenesim de duas presenças assíduas e constantes. A, ti Lucinda a minha reverência. (Tu que és crente em Deus, já ganhastes o Reino do teu Céu). Não sou nada fácil de aturar. Um perfeccionista. Um lírico. Um poeta. Um filósofo. Um teimoso “qb”… obstinadamente livre na sua cidadania. Não é fácil. De todo em todo. Nada fácil. Amor do meu agora. Amada no meu ontem e precisamente deste instante. O futuro é já daqui a bocadito... E penso estar em ti, como agora. Coisas do meu génio. A morte é tal circunstância da vida que dá ao preito outras mortes menores… circunstanciais. Não sou capaz de prometer o que não sou capaz de cumprir. E juras de amor, só os meus amigos poetas, o asseguram na escrita ritmada e prosaica através da metáfora. Mas descansa que se houver algo de estranho a estranhar, sabes que és a primeira a saber. Nesse compromisso me assevero da certeza da tua companhia. E tudo isso porque és mulher. Entre erros, aferros e omissões, julgo que a nossa empatia assevera um nadar, andado no deambular de uma valsa. Já te cochichei ao ouvido que és a maior dançadeira do mundo. Não sejas envergonhada, admite-o. Fui eu que to disse. Acredita.


Que outra, entre outras mulheres poderia, eu repescar da minha memória. Se tantas lágrimas por algumas já derramei. A ti prima Lélia, a soberba da beleza no seu estrondoso esplendor. Uma das minhas lágrimas - num regaço igual ao da Rainha Santa Isabel – rosas. A flor mais plangente e resplandente do reino da beleza. Igual à vida na formusura e espinhos. A si Dona Noémia pela fidelidade ao clã Gonçalves. A si Dona Miquinhas, por me estender os braços com o seu olhar de “Santidade”. A si Prima Maria Augusta, que me ensinou a decifrar o “Salmo Do Bom Pastor”, nas Leituras Bíblicas. A ti Madrinha Fernanda, pelo nome que me doastes “Alberto” de um teu tio que no exemplo, tanto amavas. A ti Tia São, por me fazeres fantasiar a minha meninice. A ti, Rita a namorada amante, companheira do meu filho Tiago num bem-querer de tanto estimar. A ti, Catarina de um filho – que não soube ser pai – um meu obrigado pelo meu neto Luís. A ti, Jani pela tua intromissão nos meus afectos de te considerar – minha filha.


A ti minha irmã Deolinda por me ensinares a saber sofrer na pele a minha cidadania. A si Dona Etelvina pela sua transparência e espontaneidade visceral. A si Susana, por me ter ajudado a ser alguém na causa pública. Obrigada, pela sua dedicação, empenho e devoção aos meus concidadãos. Se algum mérito tenho e possuo nessas lides, devo-o aos meus mais directos colaboradores. A si Margaret pela sua inquietude, frontalidade e proficiência. A, ti Ana Mendes por teres a ousadia de seres integra na defesa da verdade sobre os terrenos que acolhem o meu querido e amado Pai. (quem faz politica trauliteira com um Cemitério só possui dois cognomes de mérito: terrorista e sucateiro político). Que Jesus nunca o indulte. Eu jamais o desculparei. Nunca. Tal acto foi deliberado e premeditado.


… … … … … … …


Por fim, lembro-me da minha essência, de quem me deu guarida durante nove meses. Me deu uns açoites valentes. Mas me encheu de amor nos seus ralhetes, e absorveu de mim baba e ranho dos meus choros. A uma cidadã, mulher, amiga, confidente que por mero acaso tive a sorte de ser a minha MÃE, de seu nome, Deolinda Rosário Rodrigues.


A, ti mulher: - emancipada; que lutas pela tua cidadania na igualdade; que te desonras na rua para que os teus filhos não passem fome; que és violada no teu espaço por mentores da profanação e da escravatura sexual; que choras um filho perdido numa causa incerta e injusta num filme elaborado por políticos sem escrúpulos, em suma que deverias estar a meu lado em igualdade de circunstância, desculpa-nos a insensatez de te dedicarmos um dia. Porque tu antes de qualquer homem tens o teu período mensal na nossa história, basta rever isso nas tuas faculdades de leito inesgotável de nascentes. Todos os dias.


JORGE GONÇALVES / ALBERTO DE CANAVEZES