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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A aparência e o Maravilhoso Mundo do Nosso: EU.

Existe muita boa gente que pensa que é a aparência que nos define como pessoas. Roupas de marca, sapatos de marca, colares de ouro, anéis de ouro, eu sei lá que mais quinquilharias rotuladas “XPTO”.


Confesso que não ligo nada a isso. Não dou valor nenhum ao ouro… nem a “valores materiais impingidos” pelos fazedores de opinião. Um exemplo de hoje, que ontem foi instituído como Património Imaterial da Humanidade. Quem me conhece sabe que desde sempre, “contra tudo e contra todos” fui um amante confesso do Fado. Hoje, hipocritamente uma pessoa, identificou – se como um admirador do fado. Hoje, porque é moda. Ontem não o era porque era ser “saloio”. Depois pensam que ostentar artigos “XPTO” é que dá origem a absorver aquilo que o ser humano tem como um dos bens mais preciosos:


- PERSONALIDADE.


A parte mais bela do nosso aspecto e comportamento é saber viver com os nossos defeitos e virtudes. Asneiras e boas aventuranças. Infracções e elegâncias. Ninguém é prefeito. Eu omiti um execrável erro de paternidade que nada que eu faça ou diga me dá direito de me inocentar ou penitenciar. Por ter errado com o meu filho Adriano não quer dizer que forçosamente tenha falhado com a Joana; o Tiago; a Cláudia e a Maria José. Poderia invocar imaturidade, ingenuidade… que isso tudo aos olhos da verdade e da minha consciência, não permitem corrigir a grave asneira que cometi. Não errei sozinho. Obviamente que não… Mas o ónus da questão – a sua infância, adolescência e maturidade de homem - foi sustentado no termo pai/mãe, pela sua progenitora. Não me refugio em desculpas esfarrapadas nem por calúnia. Deixei-me ir pela toleima dos instintos e prazeres em detrimento da racionalidade. Hoje sou um amigo do meu filho Adriano. Ele deu-me uma lição de humildade na procura de saber quem era o seu pai, e sem ser mal-educado, humilhou-me pela grandeza de me responsabilizar pela minha negligência. Sobre isso já falamos. Hoje sou avô… Nada que faça ou dê ao meu neto ou diga sobre o assunto me torna um exemplo. Agora posso retirar do meu grave erro a expressão de poder em causa própria aconselhar e instruir o termo responsabilidade em quem irreflectidamente está a viver o mesmo panorama que vivi… e fiz viver em negação.


Mas não vivo de aparências, sei muito bem viver como sou e mesmo com esta página negra da minha vida, não deixo de estimar a pessoa que sou. Não acredito no perdão do meu acto no dogma da fé. Porque acredito em algo que me transcende. Que pode ser: “Deus”. Não sei ser hipócrita. Não acredito na absolvição dos pecados, só porque dizemos: “estou arrependido de ter feito isto ou aquilo”. Isso está agarrado a nós como se de uma nódoa se tratasse. Não está visível mas está no “ego” da nossa carne. No interior do Maravilhoso Mundo do Nosso: EU. As minhas – referências - não são o que basta, são as que necessito para estar bem com a vida.


Isto vem a propósito de fomentar em mim a auto-crítica e jamais negligenciar que sou um ser humano que também não está isento do equívoco nem imune. Porque quem me ouve falar, pode pensar que sou arrogante e que só eu sei e sou o titular da verdade única e absoluta. Quando dou o meu parecer sobre o que for, tenho o cuidado de dizer: - …é a minha opinião mas não é vinculativa à verdade. Agora, aplico em mim sem qualquer complexo: a exigência do perfeccionismo e da convicção de dar e fazer o meu melhor. Sem estigmas ou qualquer tique de superioridade. Agora a interpretação que de mim, possam fazer, não é problema meu, porque tenho a noção que faça o que fizer estou sempre nas bocas do mundo. Se trabalho, sou ganancioso. Se descanso, sou preguiçoso. Se falo muito tenho a mania que sou inteligente. Se não falo com ninguém, tenho a mania que sou muito importante. O Maravilhoso Mundo do Nosso: EU. Por vezes, coloca -nos à prova. Se não existe uma sociedade perfeita é porque o homem tanto individualmente como colectivamente não soube nem sabe implantar a sua génese seja porque variante for. Porque existem vários caminhos para ir – por exemplo – a Roma. Temos na nossa civilização 2011 anos que analisados no termo histórico fazem de nós uma comunidade estereotipada em padrões momentâneos e circunstanciado à força predominante. Para mim o mundo é como um indivíduo que vive sem o ter pedido a ninguém mas já que cá está tem que viver a vida não como um frete, mas com o prazer da sua presença. Que de geração para geração tem que sustentar o essencial da cidadania nos seus vindouros. A base familiar é o fundamento mais forte para uma comunidade complementar e contemplativa.


Porque entre linhagens se criam novas concepções comportamentais: sociais; culturais; recreativas e de novas reflexões de exigência. Só que o homem perde muito tempo no dispensável em detrimento do essencial. Dificulta o fácil com a trivial burocracia. Por causa de factores “aduaneiros” deixamos que uns fiquem para trás, outros de ambos os lados e uns quantos acompanhados pelo, o que o tempo, que registamos da civilização temos direito. E esse acesso deveria ser de todos e para todos. Mas não, assistimos a flagelos do mais ignóbil e primário possível. Três exemplos, entre muitos: a fome; a fé sem ecumenismo e a intolerância da opção…


Vivemos da aparência do fútil, porque enchemos o ego com o diz que disse; com mitos que criamos; com o “plagiar” a banalidade da marca no seu genuíno. Quero com este texto inflectir que a decência da aparência nem sempre traduz a fita que por dentro transfere as páginas do livro da nossa vida. Eu errei como fiz coisas dignas, como muitos que crítico. Não o faço no íntimo da sua individualidade mas enquanto pessoas públicas, porque no restrito do “EU” por aí somos todos idênticos de uma maneira ou outra. Haja quem lance a primeira pedra.


A vergonha é omitir quem somos. A vergonha é arranjar desculpas para tudo e por nada. A vergonha é querermos aparentar ser aquilo que não somos. A vergonha é manipular a verdade. A vergonha é fazer usura do “papel” que representamos. A vergonha é não ter vergonha…


Não sou nenhum santo – não me revejo nessa fé – de adorar um adorno que pode estar ao lado do Zé-povinho ou de outros artefactos. Creio no ecumenismo dos caminhos da paz, harmonia e meditação.


A digressão deste texto é a vida na sua pureza nua e crua…


JC/AC